Espondilite anquilosante: dor nas costas diária.

A espondilite anquilosante, ou espondiloartrite axial, faz parte de um grupo de doenças chamado espondiloartrites. São doenças que podem inflamar qualquer porção da coluna vertebral e as articulações como tornozelos, joelhos, pés e quadris.

Causa dor e rigidez principalmente nas costas, pescoço, nos quadris e calcanhares. 

Quem é o médico que trata a espondilite anquilosante?

O médico reumatologista é o especialista que trata a espondilite anquilosante ou espondiloartrite axial. Seja muito bem-vindo ao meu blog. Meu nome é Natalia Machado, sou médica reumatologista com quase 20 anos de formação médica.

Sou especialista em reumatologia desde 2010 e fiz mestrado e doutorado na área. Atuo no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do PR e em consultório privado.

Agende uma consulta, terei enorme prazer em ajudar!

Quais são os sintomas da espondilite anquilosante?

O sintoma mais comum é a dor na parte inferior das costas (lombar e glúteos). Essa dor geralmente:

• Começa no início da idade adulta, geralmente antes dos 45 anos
• Aparece lentamente
• Dura mais de 3 meses
• Piora após descanso, como logo de manhã ou de madrugada
• Melhora com movimento, quando o corpo “esquenta”

As costas também podem se tornar menos flexíveis, tornando mais difícil fazer coisas simples, como inclinar-se para frente para colocar meias ou sapatos. 

Outros sintomas podem incluir:

• Dor e inchaço (artrite) em outras articulações, como quadris ou ombros
• Dor ou inchaço em outras partes do corpo, como cotovelos, calcanhares ou costelas, o que chamamos de entesite.
• Sensação de estar cansado sem motivo (fadiga).

Em alguns casos, a espondilite anquilosante pode levar a outros problemas, como:

• Inflamação de parte do olho – Isso é chamado “irite” ou “uveíte” e causa dor nos olhos, vermelhidão e visão turva.

• Inflamação da pele, a chamada psoríase – placas vermelhas no corpo, que descamam e causam coceira

• Inflamação dos intestinos ou colite, levando a diarréia crônica, dor abdominal e perda de peso
• Osteoporose – A espondilite anquilosante aumenta a probabilidade de os ossos no pescoço ou nas costas quebrarem após uma queda, isto é, causa uma fragilidade óssea. Isso pode acontecer principalmente após os 60 anos e em pessoas com longo tempo de doença. 
• Problemas com o funcionamento das válvulas cardíacas, o que ocorre raramente.
• Problemas respiratórios – Algumas pessoas têm rigidez entre as costelas e a coluna. Isso pode dificultar a respiração profunda e a prática de exercícios.

Como saber se eu tenho espondilite anquilosante?

Procure um reumatologista, que é o médico que trata esta doença. Ele será capaz de identificar se você a possui avaliando seus sintomas e usando exames de imagem (como raios-X e ressonância magnética) para avaliar seus ossos e articulações.

Seu médico também irá realizar exames de sangue como a pesquisa do gene HLA-B27. Este teste ajuda muito no diagnóstico quando ele vem positivo e os sintomas são compatíveis. Mas se vier negativo não exclui a doença, ou seja, alguns pacientes com espondiloartrites não tem esse gene. 

Tenho espondilite anquilosante. Há algo que eu possa fazer por conta própria para me sentir melhor?

Sim. Você pode reduzir a chance de sua condição causar problemas se:

1. Parar de fumar – Se você fuma e tem espondilite anquilosante, terá mais probabilidade de ter sequelas da doença, como perder a mobilidade da coluna, além da maior chance de problemas respiratórios

• Exercitar-se – O exercício pode ajudar a prevenir alguma rigidez causada pela espondilite anquilosante. Siga as instruções do seu médico para exercícios e alongamentos.
• Ingerir mais alimentos ricos em cálcio como o leite e seus derivados (desde que não tenha intolerância). E verificar seus níveis de vitamina no sangue e manter sempre dentro da normalidade. Isso pode ajudar a manter seus ossos fortes.

• Usar um travesseiro do tamanho adequado – dormir em um travesseiro grosso pode causar dores no pescoço.

Como é tratada a espondilite anquilosante?

O tratamento depende dos seus sintomas e da gravidade da sua condição. O objetivo do tratamento é aliviar seus sintomas, ajudá-lo a realizar atividades normais e evitar que sua condição cause outros problemas.

O exercício é uma parte importante do tratamento da espondilite anquilosante. Inicialmente o ideal é procurar um fisioterapeuta para aprender a melhor forma de se exercitar.

Você pode fazer alongamentos e exercícios leves para fortalecer seus músculos. É especialmente importante trabalhar na sua postura, pois a doença pode causar inclinação da cabeça para a frente em uma postura corcunda. Exercícios especiais podem ajudar a prevenir isso.

Os medicamentos também fazem parte do tratamento

• Antiinflamatórios – Esses medicamentos podem ajudar a aliviar a dor e a rigidez. Geralmente são a primeira medicação indicada para tratar a doença, mas esse tratamento deve ser monitorado pelo médico pois apresenta riscos a alguns pacientes. 

• Outros medicamentos – Existem outros medicamentos que podem ajudar a tratar os sintomas e impedir que a doença piore. Seu reumatologista decidirá quais medicamentos são melhores para você. Para os pacientes que não podem usar ou não melhoram com antiinflamatórios, temos os imunobiológicos (anticorpos anti- TNF ou anti IL-17) e os inibidores de JAK.

Os medicamentos não curam a doença. Eles aliviam os sintomas e reduzem os riscos do paciente ter alguma sequela ou dano irreversível. Por isso são usados por longos períodos (por tempo indeterminado).

Quando o paciente alcança a remissão (regressão dos sintomas), seu reumatologista pode reduzir a dose ou aumentar o intervalo entre as medicações, mas a suspensão do tratamento pode acarretar a volta dos sintomas iniciais e a progressão da doença. 

A cirurgia pode ajudar algumas pessoas com espondilite anquilosante grave. Por exemplo, algumas pessoas podem precisar passar por uma cirurgia colocação de prótese do quadril para substituir uma articulação danificada.

Como é a vida do paciente com espondilite anquilosante?

A espondilite anquilosante pode tornar difícil realizar tarefas simples, como se vestir, levantar-se de uma posição sentada e olhar para os lados. Você pode precisar de ajuda de familiares ou amigos inicialmente. 

Mas o tratamento pode melhorar consideravelmente estes sintomas. Quanto mais precoce é o início do tratamento, mais chances de sucesso e de ter uma vida normal. 

No entanto algumas pessoas demoram muitos anos para descobrir a doença e podem já ter sequelas, como fusão dos ossos da coluna e consequente redução dos movimentos. Além disso, se os ossos na sua coluna se fundiram, você pode estar em risco de ter fraturas no pescoço ou nas costas. Para reduzir as chances de se machucar:

• Remova tapetes soltos, cabos elétricos e qualquer objeto que possa fazer você tropeçar.
• Não beba muito álcool e evite tomar comprimidos para dormir, se possível.
• Evite esportes de contato e outras atividades que possam causar lesões.
• Use sempre o cinto de segurança ao andar de carro.

Pode ser bastante útil conversar com outras pessoas que estão passando por situações semelhantes. Existem grupos de apoio para pessoas com espondilite anquilosante, como a ABRESPAN – Associação Brasileira de Portadores de Espondilite Anquilosante. Rua Joaquim Antunes, 490 – conj. 71 – Pinheiros. CEP 05415-001 – São Paulo – SPFone/Fax: (11) 3081-5999

Mais informações:

Sociedade Brasileira de Reumatologia – cartilhas para pacientes

Diretrizes Brasileiras de Tratamento da Espondiloartrite Axial